Na ECO92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em 1992 no Rio de Janeiro, os chefes de estado presentes assinaram uma série de documentos de compromissos das nações em relação ao Desenvolvimento e o Meio Ambiente: a Declaração do Rio Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração de Princípios Relativos às Florestas e a Agenda 21.
A Agenda 21 estabeleceu as diretrizes que deveriam ser adotadas pelas nações do planeta para garantir, num futuro próximo, o desenvolvimento sustentável das nações com a observância de cinco dimensões: sócio-econômicas, conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento, fortalecimento dos grupos de atores no desenvolvimento e os meios de execução destas ações.
No início dos anos 2000, a ONU iniciou um processo de metas globais, mas focadas sobretudo em países em desenvolvimento. Os Objetivos do Milênio (ODMs) ofereceram metas globais para os países atingirem até 2015, oferecendo as bases para o desenvolvimento dos ODS.
Em 2012 os chefes de estado se reuniram na Rio+20, no mesmo Rio de Janeiro, para renovar os compromissos da ECO92 e analisar a execução dos compromissos, redirecionando as ações de acordo com as transformações da sociedade.
A Agenda 2030 da ONU
Um dos desdobramentos da Rio+12 foi a assinatura em 2015 pela maioria dos membros da ONU, da Agenda 2030, que definiu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que o planeta deveria atingir em 15 anos, se baseando em toda a história das Nações Unidas quanto aos objetivos comuns do planeta desde a Declaração dos Direitos Humanos e os desdobramentos da ECO92 e diversas outras conferências promovidas pelas nações unidas nas mais de duas décadas posteriores.
O documento foi construído com base em 59 pontos introdutórios que puderam convergir para 17 objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela Agenda 2030 e levam em consideração 5 dimensões, apelidadas de 5 Ps: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria.
Quanto às pessoas, em garantir direitos e oportunidades para que todos possam ter meios para sair da pobreza e da fome de forma digna e em um ambiente saudável.
Protegendo o planeta da degradação e que seus recursos possam atender não somente as gerações presentes mas também as futuras;
Assegurando que a prosperidade seja possível a todas as pessoas, sendo possível a realização pessoal e que o progresso econômico, social e tecnológico sejam harmônicos com a natureza;
Promovendo a paz e afastando o medo e a violência de todas as sociedades, considerando que não há desenvolvimento sustentável em condições belicosas;
E que a implementação dessa agenda ocorra por meio de uma Parceria Global para o Desenvolvimento Sustentável, com ênfase nas necessidades dos mais pobres e vulneráveis e com a participação de todos os países.
A declaração levou em consideração 59 pontos que uniram 17 objetivos de desenvolvimento sustentável que formam a Agenda 2030:
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
Objetivo 9. Construir infra estruturas robustas, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resistentes e sustentáveis
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos
Objetivo 14. Conservar e usar sustentavelmente dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
Como os ODS impactam na gestão das empresas?
Os objetivos de desenvolvimento sustentável não consideram somente o papel dos Estados em suas execuções e alcances, mas também colocam a luz sobre as necessidades e deveres dos empreendedores, não apenas quanto às grandes corporações mas também em relação às formas mais simples de empreendedorismo.
Esse documento considera como essenciais para o alcance das metas da Agenda 2030, por exemplo, “o acesso das pequenas indústrias e outras empresas, particularmente em países em desenvolvimento, aos serviços financeiros, incluindo crédito acessível e sua integração em cadeias de valor e mercados”.
Também, reconhece a necessidade de atuar junto à modernização da infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, aumentando a eficiência do uso dos recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais
limpos e ambientalmente adequados, com investimento na pesquisa científica também como ferramenta de desenvolvimento sustentável.
Outro ponto que está presente na Agenda 2030 e que tem de ser considerado pelas empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, é a adoção das práticas sustentáveis como diretriz e a integração das informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios.
Indicadores ESG
Com isso, os indicadores ESG ganharam uma relevância ainda maior nos relatórios das empresas, indicando os critérios ambientais, sociais e de governança, além dos resultados financeiros. Estes critérios têm de ser geridos de forma profissional e como uma parte ativa e relevante da administração como um todo.
A implantação da sustentabilidade e dos critérios ESG não é uma exclusividade de grandes empresas, pois se torna um diferencial para pequenas e médias. Além de adequação a normas e políticas de clientes e fornecedores, também é uma questão de adequação às legislações vigentes no Brasil e também um fator de atração de investidores, que têm de levar em consideração a adoção destes pontos em suas estratégias de investimento.
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