A gestão de riscos ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) sempre esteve no cerne da sustentabilidade, ainda que esta importância tenha tido diversas fases diferentes. Na virada do século as primeiras empresas a prestar contas em relação à responsabilidade social empresarial incluíam a gestão de riscos em suas estratégias nos relatórios anuais.
Ao passar dos anos, cresceu a tendência de que a gestão integrada da sustentabilidade ajudava as empresas a enfrentar os riscos ESG. Por isso, hoje em dia, as empresas mais preparadas quanto à gestão da informação não-financeira vêem a necessária interconexão entre o negócio, a sustentabilidade e os riscos, no presente e no futuro.
As diferentes guias do GRI – a principal norma para a elaboração de relatórios – sempre incluiu a descrição dos riscos. Nos conteúdos gerais da versão atual da guia GRI 102 de reporte, é solicitada uma descrição dos principais impactos, riscos e oportunidades no desempenho financeiro, ambiental e social.
O framework do Relato Integrado oferece uma visão integrada para os processos de transparêcia geração de relatos anuais. Ao integrar informações financeiras e não-financeiras, é possível associar as questões financeiras apresentadas nos relatórios anuais, com as informações ESG.
As políticas e compromissos da empresa devem de ser relatados tendo em vista esses diversos regramentos, de acordo com o tamanho e especificidade.
Gestão de riscos e sustentabilidade a analisar
Quais riscos as empresas têm que gerir?
Governança Corporativa
A Boa Governança é o conjunto de princípios e normas que regulam o projeto, a integração e o funcionamento dos órgãos de governança das empresas. No Brasil, não existe por enquanto uma lei ou regulamentação única em relação ao assunto, mas uma série de regramentos – desde a Lei das Sociedades Anônimas de 1976, até as instruções normativas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Não só os regramentos nacionais, mas as boas práticas observadas em todo o mundo estabeleceram padrões de ética e conduta corporativa que têm um papel fundamental para evitar riscos e más práticas dos colaboradores. Assim, a boa governança é o farol que guia o compromisso das empresas em seus negócios.
Econômicos e Financeiros
Os riscos econômicos, financeiros e operacionais são aqueles que podem atingir a qualquer tempo as empresas. No aspecto econômico, são os relacionados ao desenvolvimento da atividade da organização. No financeiro, os riscos que devem ser considerados são endividamento, liquidez, crédito ou os associados à flutuação do câmbio. Já quanto ao operacional, os associados aos processos-chave do negócio.
Ambientais
Os riscos ambientais vêm ganhando relevância nas organizações há muito tempo. Desde 2015 com a aprovação do Acordo de Paris para frear o aquecimento global entre 1,5 e 2°C em 2150 em comparação aos níveis pré-industriais e a implantação da Agenda 2030 que inclui diferentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados ao clima. Cada empresa, de acordo com a sua atividade, deverá gerenciar através das políticas e planos o cuidado com o meio-ambiente, a biodiversidade, a redução da emissão de poluentes e com a água.
Os riscos ambientais têm hoje em dia tanta importância quanto os financeiros.
Sociais e Direitos Humanos
Muitos profissionais da sustentabilidade consideram que a Responsabilidade Social das empresas começa pelo cuidado e desenvolvimento profissional dos colaboradores. Em relação a isso, as companhias têm de avaliar diferentes aspectos:
- Gestão de pessoas responsável em questões trabalhistas, de igualdade de condições e de oportunidades entre os gêneros, de discriminação e inclusão de PCDs e acesssibilidade universal.
- Fornecedores: a gestão responsável das pessoas deve também ser aplicada aos diferentes fornecedores das empresas. Além disso, zelar pelo respeito aos direitos humanos e trabalhistas em qualquer parte do mundo.
- Produtos e serviços: o rastreamento e cumprimento das diferentes legislações e normativas vigentes na elaboração dos produtos e serviços.
Quem gerencia os riscos ESG?
Um plano de negócios e de sustentabilidade, que cada vez mais são indissociáveis, devem integrar a gestão de riscos das empresas. Para isso, as diferentes políticas em assuntos financeiros, de governança, econômica e social, assim como os códigos de ética e conduta se transformam em um escudo para os riscos.
Porém, as empresas devem contar com diferentes planos de ação e contingência para evitar os impactos negativos, que devem ser coordenados a partir do Conselho de Administração e das diretorias.
O que ficou claro durante os últimos anos é que sem uma gestão de riscos adequada, a gestão da sustentabilidade das organizações necessita de uma visão a longo prazo.
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