As emissões de CO₂ por unidade do PIB, também conhecida como intensidade global de carbono, caíram 0,5% em 2021. Este é um valor significativo, mas ainda distante do que seria suficiente se o objetivo é reduzir a temperatura global em 1,5°C nos próximos anos. Na verdade, para alcançar o valor estabelecido no Acordo de Paris, deveria chegar a 15,2%.
No entanto, cada vez mais esforços são feitos para alcançar esse objetivo. Por exemplo, o Reino Unido foi o primeiro país a se comprometer legalmente a ter emissões neutras até 2050. Além disso, os 27 Estados-membros, assim como os Estados Unidos, desejam se tornar neutros climaticamente até 2030, o que significa que até lá devem reduzir suas emissões em 55%. Para tanto, é essencial para as PME e microempresas medir sua pegada de carbono e estabelecer estratégias sustentáveis.
O que é a pegada de carbono?
Definição de pegada de carbono
A pegada de carbono é definida como o rastro total de gases de efeito estufa produzidos pelas atividades diárias e econômicas. Este fator faz parte da pegada ambiental e é expresso em toneladas emitidas durante um determinado período (horas, dias, semanas, meses, anos, etc.). Incluem as emissões de:
- Dióxido de carbono (CO₂).
- Óxido de nitrogênio (N₂O).
- Metano (CH4).
- Hexafluoreto de enxofre (SF6).
- Perfluorcarbonos (PFCs).
- Hidroflurocarbonetos (HFCs).
Desde 1961, a pegada de carbono humana aumentou onze vezes. Atualmente é responsável por 60% do impacto total da humanidade no meio ambiente.
No entanto, não são apenas as pessoas e as empresas que deixam uma pegada de carbono. Os serviços e produtos também, visto que emitem gases de efeito estufa antes (na extração da matéria-prima, na sua fabricação e no seu transporte), durante (por exemplo, ao dirigir um carro) e depois no fim da sua vida útil (quando precisam ser reciclados ou descartados).
É obrigatório calcular a pegada de carbono?
A declaração de emissões de GEE variam de acordo com as jurisdições. Programas obrigatórios de declaração de GEE podem ser encontrados em 40 países ao redor do mundo, incluindo o Reino Unido e muitos dos Estados-membros da União Europeia.
Como calcular a pegada de carbono
Princípios básicos para calcular a pegada de carbono
A pegada de carbono é o resultado da multiplicação de dois valores:
- Dados da atividade. Sua função é definir o volume das emissões de CO2 geradas por uma atividade. Isso seria o caso, por exemplo, do kWh de gás natural usado para o aquecimento.
- Fator de emissão. Representa a quantidade de gases de efeito estufa emitida por cada unidade representada na seção anterior.
Para aplicar esta fórmula, é necessário conhecer detalhadamente o consumo de eletricidade e combustíveis fósseis, bem como os respectivos fatores de emissão. Por exemplo, o da gás natural mencionado anteriormente é de 0,202 kg de CO₂ eq/kWh.
Metodologias para calcular a pegada de carbono corporativa
Embora esses dados sejam de vital importância, não existe um método único para calcular a pegada de carbono corporativa. É o caso, por exemplo, do Greenhouse Gas Protocol (GHG), bem como do padrão da UE ISO 14064-1.
No entanto, o mais importante deles usado atualmente é o “TCFD (Task Force for Climate-related Financial Disclosures)”. O TCFD foi estabelecido pelo “Financial Stability Board (FSB)” do Reino Unido em 2015 e considera tanto a pegada de carbono quanto a exposição a seus ativos e intensidade, como definido na introdução deste artigo.
Hoje em dia, 134 companhias industriais são responsáveis por 80% do total das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, 98% não forneceram evidências em 2021 de que suas atividades levam em conta o meio ambiente. Isso refletiu em seus relatórios financeiros, com uma omissão importante para os investidores.
É essencial levar em consideração os riscos relacionados ao clima, por isso o uso da metodologia TCFD é mais importante agora do que nunca.
Um sucinto guia prático para calcular a pegada de carbono
Ao seguir estes passos, é possível calcular a pegada de carbono de qualquer empresa:
- Escolha o ano para o cálculo.
- Defina os limites operacionais da organização. Este é o caso, por exemplo, das áreas incluídas nos cálculos e na identificação das fontes de emissão.
- Obtenha os dados de consumo. Tanto em termos de emissões diretas (consumo de combustível dos edifícios e veículos) como de emissões indiretas (eletricidade, serviços terceirizados, viagens de negócio em trem ou avião, etc.).
- Multiplique os dados da atividade pelos fatores de emissão.
Uma boa dica é configurar um sistema de coleta de informações que possam ser usadas para calcular a pegada de carbono nos próximos anos. Isso tornará a tarefa menos complexa no futuro. De qualquer maneira, uma vez obtidos os dados, é hora de pensar em como reduzir a pegada de carbono.
Como reduzir a pegada de carbono de uma empresa
Todas as empresas devem ter um plano para reduzir suas emissões no futuro. O objetivo é alcançar o Net Zero: o estado em que as ações da empresa não impactam o meio ambiente em termos de emissão de gases de efeito estufa.
No entanto, para administrar de forma apropriada a pegada de carbono de uma empresa, o DEFRA (sigla em inglês do Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais) do Reino Unido descreve quatro passos.
Passo 1: Reduzir as emissões de GEE
Trata-se essencialmente da identificação das principais fontes de emissão de gases de efeito estufa da empresa, seguida pela definição de um plano para reduzir essas emissões. Por exemplo, aumentar em alguns graus a temperatura do termostato no verão, comprar lâmpadas de LED ou fazer isolamentos para evitar a perda de energia.
Passo 2: Decidir se devem ser adquiridas reduções externas de emissões.
Trata-se de uma opção interessante quando a empresa não consegue reduzir de forma suficiente as emissões da sua atividade. As reduções externas são chamadas de “carbon offset credits” (créditos de compensação de carbono). Cada crédito equivale a uma tonelada dióxido de carbono. Esses créditos são comprados de projetos de absorção de CO₂ e, desta forma, financiam seu trabalho contínuo.
Por exemplo, imagine que uma companhia, depois de muito trabalho, ainda emita 1.000 toneladas de CO₂ por ano. Neste caso, ela pode comprar 1.000 créditos de compensação de carbono. Este agente externo será responsável por realizar os trabalhos para reabsorver essa quantidade de gases de efeito estufa.
Passo 3: Avaliar a qualidade dos projetos externos de redução de emissões.
Naturalmente, existem muitos projetos externos de redução de emissões, cada um com características próprias. Os mais comuns incluem:
- Compensação de carbono. Este é o tipo de projeto mais comum de redução de emissões. Envolve a compra de créditos, como descrito anteriormente, para compensar o excesso de emissões da empresa e atender às regulamentações legais. Existe um mercado obrigatório para grandes corporações e governos, ao lado de um mercado voluntário para pequenos consumidores.
- Taxas ambientais. As taxas ambientais ou verdes são taxas que garantem que a energia fornecida às empresas vem de fontes renováveis. Isso é particularmente comum com a eletricidade, mas impossível no caso dos combustíveis fósseis.
Passo 4: Criar relatórios sobre as reduções externas de emissões para promover uma maior transparência
A transparência é chave nos negócios. Desta forma, nos demonstrativos financeiros corporativos, a compra dessas compensações deve ser incluída, e, não inclui-la, pode ser visto como má-fé com os investidores externos.
Outras formas de reduzir a pegada de carbono de uma empresa
As empresas têm outras formas de reduzir sua pegada de carbono:
- Desenvolver planos de eficiência energética.
- Adotar uma frota de veículos elétricos.
- Substituir os gases refrigerantes por outros menos prejudiciais ao meio ambiente.
- Dar preferência às viagens de trem em vez de viagens aéreas.
- Incentivar o teletrabalho ou trabalho remoto para evitar viagens desnecessárias.
Certificações e pegada de carbono
Um certificado de pegada de carbono é um documento que verifica se uma empresa atende a determinados requisitos em termos de emissão de gases de efeito estufa. Só é concedido por organismos oficiais ou credenciados externamente para tanto.
Para que serve um certificado de pegada de carbono?
Um certificado de pegada de carbono basicamente confere credibilidade aos produtos oferecidos pelas empresas. Este tipo de certificado atesta que a empresa o obteve ao tentar gerar o menor impacto possível e por meio de práticas ambientalmente responsáveis.
Tipos de certificado de pegada de carbono
Os certificados de pegada de carbono variam de acordo com a legislação de cada país. De acordo com o Decreto Real 163/2014 da Espanha, os certificados de pegada de carbono são reconhecidos como sendo emitidos por entidades credenciadas por:
- GHG Protocol.
- PAS 2050.
- ISO 14064.
- ISO 14067.
- ISO 14069:2013.
Qualquer outra entidade operacional (DOE) ou entidade credenciada (IEA) designada pela ONU sob o Protocolo de Kyoto.
Ainda não sabe muito bem o que fazer para medir sua pegada de carbono? Use a nossa ferramenta para medir as suas emissões. Caso tenha qualquer dúvida ou pergunta, por favor, não hesite em entrar em contato conosco.
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